domingo, 28 de junho de 2009

Sobre a história de Christian, o leão

Pensando na história de Anthony Bourke e John Rendall.(1)



Em um dia de viagem, quando se está esperando no aeroporto, nada melhor do que entrar numa livraria e 'sapear' o que existe de bacana. Pena que a qualidade das livrarias nos aeroportos brasileiros seja algo bastante discutível. Mas, às vezes, algumas surpresas nos são reveladas. Hoje foi um desses dias. Estava em Cumbica, naquelas esperas inevitáveis (felizmente, tudo deu absolutamente certo, mas eu gosto de chegar bem cedo para prevenir eventuais problemas), quando resolvi dar uma olhada na livraria local. Estava a fim de uma leitura leve, mas que não fosse essas tradicionais bobagens com que nos bombardeiam constantemente. Em meio aos best sellers, autoajudas e tantas outras superficialidades, bati o olho em Dewey, um gato entre livros. Muitos amigos já haviam comentado sobre a boa leitura que seria este livro e eu mesmo havia lido uma matéria no Estadão sobre ele. Peguei-o, folhei-o e quando já estava me virando para me dirigir ao caixa, meu olho bateu rapidamente num outro livro, uma prateleira abaixo, que me chamou a atenção: a fotografia de um filhote de leão, com uma carinha pra lá de meiga, com as patonas em cima de um aparelho de TV (um aparelho com cara de anos 60, certamente). Não tive dúvidas. Era ele mesmo: o leãozinho dos vídeos do Youtube, Christian. Peguei o livro e, logo na capa, já havia esta referência ao vídeo que só vim a conhecer no meio do semestre por indicação de alunos numa aula que estava dando sobre a questão da Cultura e do Instinto. Ao folhear Um leão chamado Christian, fiquei encantado com as fotos e acabei comprando o livro. A princípio, mais motivado por elas do que propriamente pela certeza de que seria um texto de boa qualidade (claro, levando em conta que você é um neófito em "felinofilia"). Mas também quis conhecer melhor a história, escrita pelos próprios protagonistas, para além de todas as fantasias veiculadas desde que o vídeo se tornou popular, há menos de dois anos.

Logo nas primeiras páginas, percebi que estava diante de uma história, no mínimo, curiosa e que, pelo menos para mim, só de se reportar a um animal (e a um felino, em especial), me deu vontade de entrar mais ainda.

À medida em que ia avançando a leitura, outro tema me chamou a atenção: o quanto a internet tem sido um poderoso instrumento no resgate de certos fatos prosaicos que seguramente se perderiam no tempo. Porém, dada a sua difusão (geralmente por algum anônimo) na rede, acaba encontrando simpatia de muitos e, prontamente, uma legião de admiradores (os números são realmente impressionantes) acabam tendo acesso a ele. Numa sociedade da comunicação como consumo, certamente este é um parâmetro que não dá para negligenciar.

Um bom exemplo é o que ocorreu com o vídeo que projetou mundialmente a anônima interiorirana Susan Boyle(2) num rastro de mais de 100 milhões de expectadores que acessaram as muitas versões de sua apresentação no show de calouros Britain´s got talent. Aparecendo pela primeira vez em público, aos 47 anos de idade, a senhora que confessa nunca ter beijado alguém, vivendo com um gato (olhem os felinos aí) e querendo ser Elaine Paige explode em popularidade graças não somente ao poder de sua voz, mas à própria edição muito bem feita de sua exibição no programa.

Com o fenômeno Christian não foi diferente. Um dos pontos que mais me impressionou foi saber que os dois autores (Anthony e John) nem sequer sabiam da postagem do vídeo no site.

Foi uma leitura agradável. Principalmente pela segunda parte do livro, que narra o retorno de Christian ao Quênia e os personagens envolvidos. Uma lição de vida muito interessante. Muitos ainda acham que a preocupação e o investimento na preservação de espécies animais é um assunto de segundo plano por conta da grande miséria em que 1/3 da humanidade ainda se encontra. Claro que isso é um sofisma. Os dois temas não só não são excludentes como fazem parte de uma mesma e única questão (e contradição): a de que para satisfazer nossos desejos, sacrificamos o outro (seja este outro o planeta ou o próprio semelhante).

Histórias como essas de Christian, Anthony e John falam, de forma simples porém direta, sobre isso.

É uma boa leitura.



Algumas indicações na internet:

1) Para saber mais sobre a história de Christian como sempre, um artigo na velha e boa Wiki.

2) Sobre George Adamson, vale a pena ver este artigo e este outro sobre a história de "Elsa, a Leoa".

3) Um belo material também está disponível no site do canal
Animal Planet
.


4) Uma das versôes da história de Christian pode ser vista neste vídeo no Youtube mencionado pelos autores no livro. Nela, uma sequência da história é perpassada por uma interpretação de Whitney Huston de "We´ll always love you".

5) Há uma interessnte matéria na ABC News.

6) Anthony e John 35 anos depois e também neste outro vídeo


Notas:

(1) Bourke, Anthony e Rendall, John. Um leão chamado Christian. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. 2009.

(2) A popularidade da história de Susan Boyle pode ser atestada, entre outras coisas, pelo volume de informações e análises sobre o fenômeno que podem ser encontrdas na internet. Como referência, o verbete da Wikipedia pode ser um bom começo para se trilhar o rol de informações ali contidado e que dali deriva.

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Olá,

Bem vindo a um espaço que, antes de mais nada, é despretensioso. Ou melhor, se há alguma pretensão é a de exercitar a arte da escrita, refletindo livremente sobre fatos, idéias, cinema, filosofia enfim, tudo o que valer a pena pensar.

Como se não bastasse a exigência da profissão, eu mesmo me impus a necessidade de registrar meus pensamentos os quais, reconheço, considero valiosos pela única e exclusiva razão de serem meus, de representarem meu ponto de vista sobre as coisas. Nada mais. É, pois, nesse exato sentido que me refiro à ausência de pretensão. Quero apenas falar. Falar livremente. E se o transeunte cibernético que por aqui se aventurar sentir que vale a pena iniciar um diálogo a respeito das idéias apresentadas (as quais, já adianto, não serão tão aprofundadas), vou sentir que terá alguma utilidade para além da minha própria extravasão.

Apesar de relativamente antigo, eu me esqueci completamente da criação deste espaço. Nele havia deixado, oculto, um único texto que resolvi publicar mesmo estando inacabado. A ele retorno com o propósito de alimentá-lo com mais frequência, o que para mim será extremamente benéfico, inclusive do ponto de vista pessoal. Vou aproveitar para registrar outros escritos, feitos em outras épocas - pré-internáuticas ainda - que certamente revelarão um outro Fred (principalmente para aqueles que já me conhecem).

Espero que o leitor que por aqui passar possa encontrar alguns pontos sobre os quais pensar. E, se sua generosidade permitir, deixar a contribuição de suas opiniões e seus pensamentos a respeito do que encontrar registrado para, inclusive, provocar minha contrarreflexão.

Boa leitura e obrigado pela visita.
Fred

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